Já ouviste alguém dizer isto? Pois, não és o único, eu ouvi isso algumas vezes, algumas para ser simpático!
As ventosas parecem simples, mas será que são assim tão básicas? Vamos explorar.
O que são ventosas?
Como certamente sabes, são dispositivos usados em automação industrial para agarrar, mover e manipular objetos com segurança e eficiência.
Como podes ver no esquema acima, criam uma zona de vedação, através do vácuo, geram uma diferencial de pressão com força suficiente para segurar peças.
Claro que quando dimensionadas corretamente, porque se houver fugas ou a ventosa não suportar o peso, a peça cai. Portanto, a ventosa deverá suportar tanto o peso da peça como a sua textura como o ambiente ao seu redor.
Parece simples, porque assim que tens uma peça um pouco mais desafiante, a coisa complica, entram muitas variáveis ao jogo, então o ideal é perceber o que tens de ter em mente para as dimensionar!
Como dimensionar ventosas?
1. Entende as necessidades
Analisa a peça que vais manipular, e faz perguntas:
Qual é o peso da peça?
O peso ajuda a determinar o tamanho da ventosa e a força de vácuo necessária.Qual é o material da peça?
É vidro, metal, madeira, ou algo poroso como papelão? O material afeta o tipo de ventosa que vais escolher.Como é a superfície?
É lisa ou tem curvas? Mais uma informação importante para definir o tipo de ventosa.Qual a orientação?
Caso o movimento seja na vertical apenas tens de contar com o peso da peça, no caso de ser na horizontal tens de contar também com o fator de deslizamento.
2. Escolhe o material da Ventosa
Dependendo da aplicação, aqui estão as opções mais comuns:
Silicone - Aguenta altas temperaturas, no entanto tem pouca resistência ao desgaste;
Borracha (NBR) - Boa aderência e resistência a óleos, no entanto não suporta temperaturas altas;
Poliuretano - Alta durabilidade, mas também não tolera temperaturas elevadas;
Espuma - Adapta-se a superfícies irregulares muito fácilmente, mas a sua durabilidade é limitada devido ao desgaste.
3. Considera o ambiente de Trabalho
É importante considerar o tipo de ambiente na tua solução vai trabalhar, isto porque o tipo de material pode ajudar bastante a diminuir que o impacto do ambiente exterior tem na tua solução.
NBR (Borracha)
Ótimo para: Ambientes industriais com presença de óleos ou superfícies mais oleosas (ex.: indústria automóvel). Mas comporta-se muito bem grande parte dos ambientes, são bastante versáteis.
Silicone
Ótimo para: Condições de temperatura extrema.
Exemplo: Manipulação de peças em altas temperaturas (até 250ºC).
Poliuretano
Ótimo para: Ambientes com desgaste mecânico elevado e superfícies abrasivas.
Exemplo: Transporte de peças de cerâmica, cartão ou madeira em linhas de produção.
Espuma
Ótimo para: Materiais porosos ou de baixa vedação, como papelão, madeira ou pedras porosas.
Exemplo: Paletização de caixas de papelão ou manipulação de madeiras em bruto.
4. Define o tamanho e número de ventosas
Podes utilizar as fórmulas convencionais que podes encontrar no meu blog ou procuras um configurador online, como o da Schmalz, que para calcular o diâmetro dá logo uma noção muito mais concreta.
Para pensares no numero de ventosas eu recomendo teres sempre em mente que o ideal é estabilizares sempre a peça, e fazes a divisão lógica, quanto mais ventosas colocares mais estável vai ser a tua solução (genericamente falando).
Não te esqueças é de testar sempre para validar a solução.
Formatos de ventosas mais comuns
Ventosas Planas: Ideais para superfícies lisas e rígidas.
Ventosas de Fole: Adaptação a superfícies irregulares ou inclinadas.
Ventosas Ovais: Perfeitas para objetos compridos e estreitos.
Cada formato tem vantagens específicas, mas lembra-te: mais importante do que decorar é entender o porquê de cada escolha.
As ventosas são ferramentas versáteis, mas o sucesso está nos detalhes. Desde o material ao formato e tamanho, tudo influencia o desempenho. Analisa as necessidades, testa e adapta.
No detalhe está a diferença entre uma solução eficiente e uma que falha.